“A Garota Ideal”, Craig Gillespie, 2008

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A Garota Ideal

O filme “A Garota Ideal”, do diretor Craig Gillespie (Em Pé de Guerra), que concorreu ao Oscar de Melhor Roteiro Original e ao Globo de Ouro de Melhor Ator de Comédia para Ryan Gosling, é no mínimo inusitado.

A premissa, de um homem que se apaixona por uma boneca inflável nos promete uma comédia escrachada, mas o filmes nos surpreende com um drama, que apesar de momentos cômicos, é definitivamente um drama muito bem realizado.

A historia do solitário Lars, muito bem interpretado por Ryan Gosling, um personagem que inicialmente causa até certa antipatia ao espectador, tem uma vida pacata e isolada na garagem da casa de seu irmão Gus (Leo Schinneider) e sua cunhada Karim (Emily Mortiner).

Lars é avesso as relações sociais, mesmo entre sua família, evita um contato mais próximo. Um colega de trabalho lhe apresenta um site de garotas infláveis, então Lars se apaixona por uma delas.

De inicio podemos pensar em Lars com um homem extremamente machista, onde pensa numa mulher ideal submissa, sempre disponível, alheia a sua vontade, sem opinião, totalmente dependente, mesmo para se locomover.

Porém, começamos a nos envolver, assim como toda aquela pequena cidade, na loucura ou simplesmente no delírio de Lars. E junto com a cidade, somos levados a entender aquela boneca como um ser vivo, pois é isso, que o agora adorável Lars, acredita. E por ele, vamos tratar as boneca como um ser vivo.

Percebemos então, que no delírio de Lars, Bianca, a boneca, tem vontades, tem opiniões e até entra em conflito com Lars, a ponto de brigarem e “gritarem” um com o outro, como em qualquer relação.

A boa fotografia de Adam Kimmel e a belíssima música de David Tom, dão um clima especial ao filme, rodado em apenas 31 dias com o orçamento de 12 milhões de dólares.

Inicialmente mais engraçado e surpreendente, vamos nos acostumando com Bianca (a boneca) e a compreendendo com uma personagem real do filme. A ponto de se envolver realmente com ela, como toda a cidade se envolve, e sofrer a suposta doença tratada pela Dra. Dagmar, interpretada pela ótima Patricia Clarkson de Vick, Cristina, Barcelona.

Nos deparamos então com um drama, ou uma comédia romântica, e sim, somos envolvidos com isso, ao ponto de estranharmos nosso próprio comportamento diante daquele delírio que o diretor nos envolve.

O roteiro de Nancy Olive é corajoso e inusitado, e o Carig Gillespie é mais corajoso ao realizar e nos convencer. “A Garota Ideal” é um filme sensível, sobre relações, sobre amor, sobre diferenças e acima de tudo, sobre solidaridade.

Um filme muito bem realizado e curioso na maneira com que foi conduzido. A comédia se torna drama, e chega a fazer chorar. O filme, nos promete um caminho, nos leva a outro e não decepciona.

Jair Santana